quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Presentes

Em uma das postagens anteriores eu citei que estava pedindo a Deus várias coisas, como chegar até o final da gestação, isto não aconteceu, mas mesmo assim eu senti Deus me presenteando em várias situações.

Eu sempre sonhei em ter minha filha em um hospital específico, porém na correria para conseguir vaga em UTI neonatal este sonho foi ficando distante, conseguimos vaga em apenas um hospital da minha cidade, justo aquele que eu menos gostava, menos sentia confiança, pedi pra Deus me ajudar a conseguir uma vaguinha no hospital sonhado e assim no outro dia minha médica ligou dizendo que tinha conseguido reservar uma vaga que iria liberar naquele dia- presente de Deus!

Tive medo de não poder ver minha filha ao nascer, mas ela nasceu bem, chorando forte e assim puderam mostrar ela pra mim- presente de Deus.!

Sempre sonhei em tirar aquela foto com meu maido e minha filha assim que nascesse, a médica disse que não poderia ter tempo pra fotos, mas meu marido pode tirar várias e como ela nasceu bem o anestesista tirou nossa tão sonhada primeira foto juntos- presente de Deus!

Achei que por ir direto pra UTI meu marido não pudesse acompanhar os primeiros cuidados assim que a Kaena nascesse, mas como deu tudo certo ele pode acompanhar sim, cada cuidado, ficou um tempão com ela no colo, ganhou inclusive uma marquinha do pé dela feita no antebraço dele (tomou banho 3 dias com o braço fora do chuveiro pra marquinha não sair, rs) - presente de Deus!

Tive tanto medo da cesárea, da anestesia, do corte, da recuperação, mas foi tudo tão tranquilo, o antes, o durante e o depois- presente de Deus!

Dia 16 de outubro foi aniversário do meu marido, eu pedi pra Deus que a Kaena já estivesse no quarto, para ele passar o dia com ela e advinhem só? exatamente no dia 16 de outubro ela foi pro quarto- Presente de Deus! (e esse foi um presentasso!!)

Na postagem sobre o exame histerossalpingografia que eu fiz ainda antes de engravidar, citei que sonhava em sair do hospital (o mesmo aonde eu fiz a histero, que foi tão difícil) com minha filha nos braços um dia e foi muita emoção ao ter alta passar por aquela mesma porta e lembrar daquele dia- presente de Deus!

Tinha medo de não ter leite, ou do leite empedrar, de ter mastite, rachadura e etc, mas fui pra sala de parto com leite escorrendo do seio, a Kaena teve uma pega perfeita desde a primeira mamada, suga muito bem, tenho muito leite, nada de dor, nada de dificuldade em amamentar- Presente de Deus!

Agora nada se compara a estar escutando os barulhinhos dela enquanto escrevo, ao olhar pra ela, ver a criança preciosa, boazinha que Deus me deu, ontem foi um dia de comemoração, pois o maior dos presentes completou um mês! Foi um mês de muitas dificuldades, mas cada uma delas foi vencida e hoje posso dizer com certeza que foi um mês de muitos presentes! 
Agradeço a Deus por se importar comigo, por ser um Deus de detalhes, de cuidados, de amor, um Deus PRESENTE na minha vida!

Seguindo sempre com Fé
Evelyn =) =) =) =) =) =) =) =)


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Dias de UTI

Não há como deixar de registrar como foram os 17 dias que passamos com nossa filha na UTI neonatal, pois foram sem dúvida os dias mais difíceis da minha vida, ter um filho na UTI, mesmo que em bom estado geral como no meu caso envolve muitas coisas e é um período que exige muita força.
Minha bebê foi levada para a UTI logo depois do parto, falaram para mim que se eu me sentisse bem 7 horas após a cesárea eu poderia tomar banho, comer e ir visitá-la, minha cabeça nessas horas que passavam ficou voltada nela, queria que passasse logo as horas e disse pra mim mesma que tinha que estar ótima ao levantar, não deixaria de ver ela naquele dia por nada no mundo, e graças a Deus foi assim, não tive nenhum desconforto, levantei bem, tomei banho sem ajuda da enfermeira e fui andando até a UTI, isso já eram 11 da noite. Nosso primeiro contato foi maravilhoso, ela estava linda, coradinha, com um aspecto de quem estava bem, isso me deu muita tranquilidade na primeira noite, ela estava com uma sondinha na boca (para retirar resíduos do estomago e mais tarde alimentá-la), estava também com acesso venoso no bracinho, recebendo soro, difícil mesmo foi não poder pegá-la, fiquei olhando e fazendo carinho pelas portinhas que tem na encubadora, fui pro quarto feliz naquela noite.

No segundo dia a rotina se iniciou de verdade, tivemos que seguir os horários de visita (das 11:30 ao 12:30/ das 15 às 16h e das 20:00 às 21:00) começamos descobrindo que infelizmente as visitas atrasam muito, que nem sempre temos uma hora para ficar com ela, às vezes são apenas 20 minutos, aconteceu também da visita ser cancelada, a espera fora da porta é terrível, os atrasos em geral são devido à intercorrências com algum dos bebes e os pais ficam em pânico lá fora sem saber qual dos bebês não está bem. A vontade de tocar o bebê, de ter contato com ela é muitooo grande, nós temos uma carência terrível de contato, por muitas vezes eu entrava e saia da visita chorando, é um sentimento de privação muito ruim, por sorte já no segundo dia pude pegá-la pela primeira vez, foi a melhor coisa do mundo, sentir ela, seu cheirinho, sua respiração, pena que era por pouco tempo, nunca dava para eu matar a vontade por completo, eu queria pegá-la em todos os horários mas não era possivel, quanto menos a gente "mexer" no bebê melhor, para ela não perder calorias, não perder temperatura, não ficar estressada e etc, pois tudo isso prejudica o ganho de peso. Teve uma vez que as enfermeiras não deixaram eu pegar ela durante dois dias, eu fiquei muitoooo mal, tinha uma necessidade absurda de ter ela nos braços, foi muito dificil. Muitas vezes eu abria a portinha da encubadora, encostava minha cabeça lá e respirava fundo tentando sentir o cheirinho dela, dava uma vontade de tentar entrar lá dentro, de ficar perto dela.

Na primeira semana eu fiquei deprimida, foi uma experiência terrível ir pra casa sem ela, estava um dia chuvoso, eu não queria ter alta do hospital e deixar um pedaço de mim lá, chorei muito, não parei de pensar nela, nos primeiros dias eu acordava de noite chorando, uma saudade imensa, uma falta da barriga, saudade de sentir ela mexer, é uma combinação terrível não ter mais o bebê na barriga e não ter ela nos braços também, tão terrível que não tenho como descrever. Nos primeiros dias ela não pode ser alimentada, vimos nossa filha ficar 3 dias sem comer, apenas no soro, isso cortou nosso coração, deixou eu e meu marido arrasados, orávamos muito para que Deus saciasse a fome dela e que pudesse se alimentar logo, foram os piores dias, prometemos a ela que nunca mais terá fome, vamos lembrar dessa promessa pro resto da vida.

A rotina nos faz ter contato com outros pais, principalmente outras mães, nos apegamos aos outros bebês, entramos na UTI olhando direto pra encubadora dos bebês mais críticos, um medo de que eles não estejam mais lá, presenciei várias intercorrências com outros bebês nos horários de visitas, é muita tensão, é muito triste ver o pânico nos olhos dos pais, a esperança que eles tem mesmo com bebês tão críticos, é lindo o amor incondicional daqueles pais e mães que nunca tiveram a oportunidade de pegar seus bebês no colo mas dariam a vida por eles, infelizmente nos dias que estivemos lá dois bebês faleceram, e eu estava bem próxima da mãe de um deles, quando vi que ela não estava mais lá chorei muito, sabia o que tinha acontecido. Os sons da UTI não saem da minha cabeça, os alarmes descompensados nunca eram no monitor da Kaena (só uma vez que levei um susto devido a um mau contato do sensor, entrei em pânico) mas mesmo assim é terrível aquele ambiente, a gente tem pesadelos com os sons, eu mesma sonhei ainda esses dias que a Kaena tinha que voltar pra UTI, Deus nos livre.

Tive o apoio incondicional do meu marido, que esteve comigo em todas as visitas, que cuidou de mim mesmo estando muito abalado também, que conseguiu me dar força mesmo não tendo também, que abria mão de pegar a Kaena no colo em muitas visitas por sentir que eu estava precisando daquele momento com ela, que cuidou da minha alimentação, que aguentou comigo todos esses dias, a rotina de passar todos os dias no hospital, ele tomou a frente de muitas outras situações para me poupar, cuidar de mim, ele foi maravilhoso em cada detalhe, eu não teria conseguido se não fosse ele, nossas conversas, nossos abraços, nosso choro, só nós dois sabíamos o que estávamos passando e foi muito confortador ter ele comigo, nós já temos muito amor e cumplicidade, mas essa experiência nos uniu de uma forma muito mais forte, não tenho dúvida.

E com a ajuda de Deus nossos dias de UTI chegaram ao fim, foram apenas 17 mas pareceram uma eternidade, imagino então os outros pais, que ficam 30, 60, 90 dias, acompanhamos um caso em que a bebê teve alta após 8 meses de UTI, não consigo nem imaginar como é viver essa realidade por tanto tempo, mas graças a Deus ela saiu vitoriosa, e quantos não tem essa sorte?

Nunca vou esquecer cada segundo que passamos, aquilo que vimos, ouvimos, sentimos, o que nossa filha passou, teria que escrever muitos outros textos pra contar os detalhes, mas posso dizer com muito orgulho que ela é uma guerreira, uma vencedora, nos surpreendeu em tantos detalhes, por muitas vezes nossa força foi ela, ver que estava passando por tantas coisas com uma serenidade linda, criança tão frágil capaz de passar tanta força pra gente, na verdade frágeis éramos nós.

Oro a Deus para que os outros pais também tenham a felicidade que nós tivemos de trazer nossa filha pra casa!

Seguindo sempre com Fé (porque é só com fé que conseguimos passar por estes momentos de deserto nas nossas vidas).

Evelyn =)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O grande dia!

Volto aqui depois de 18 dias do nascimento da minha princesa pra contar um pouquinho de como foi o grande dia!!!
Precisei ser internada no domingo dia 29 de setembro e ficar tomando antibiótico na veia a cada 4 horas até o meio dia do dia 30 (devido ao GBS, aquela bactéria safada que eu comentei aqui), consegui dormir pouco mas bem na noite anterior, um misto de ansiedade e de um antibiótico dolorido correndo na veia, rs. Quando a enfermeira veio dar o antibiótico das 4 da manhã não consegui dormir mais, fiquei preocupada por não sentir a Kaena mexer desde a noite anterior, então quando foi lá por 6 da manhã me levaram, fazer o exame de cardiotocografia que avalia a frequência cardíaca e os movimentos do bebê, fiquei fazendo esse exame por uma hora e meia, conversei com outra gestante que estava em situação de risco de parto prematuro de gêmeos às 22 semanas, uma situação desesperadora mas parece que foi controlada, a Kaena estava super bem, só quis dar um ultimo sustinho na mamãe antes de vir ao mundo!!! 

Estavam comigo no hospital meu marido, minha mãe e os sogros, antes de me levarem ao centro cirúrgico às 13 horas tiramos muitas fotos para se despedir da barriga, foi um momento de muita felicidade! Depois fiquei em uma sala do centro cirúrgico sozinha, aguardando ser chamada para iniciar a cesárea, minha médica não havia chegado ainda, foi um momento delicioso, fiquei fazendo muitoooo carinho na minha barriga, conversei bastante com a Kaena, cantei pra ela todo o repertório de músicas que colocávamos pra ela ouvir na barriga, chorei ao sentir pelas últimas vezes os movimentos tão gostosos dela (acreditem, ela nunca deu os famosos chutes nas costelas que todo mundo comenta, ela sempre mexeu suave, muito gostoso), depois de uma hora mais ou menos me chamaram para o centro cirúrgico, a equipe toda se apresentou, minha médica estava animada, certa de que estávamos tomando a atitude certa em antecipar o parto, meu marido chegou na sala, foi emocionante ver ele com aquela roupa de centro cirúrgico, eu sempre sonhei em ver ele assim, "vestido de pai" e ficou muito lindo!

Recebi a anestesia na coluna, foi uma picadinha muito leve, quase nem senti (tive medo desse momento e foi muito tranquilo) e assim deitei e comecei a sentir as pernas esquentarem e aos poucos formigarem, sentia exatamente aonde estavam encostando, o que estavam fazendo, mas sem nenhuma dor. Ficamos conversando eu e meu marido, rindo, coração transbordando de felicidade, até que a médica nos disse que estava vendo nossa filha, que era cabeluda, estava na hora! pedi para meu marido ver bem ela para me contar os detalhes, pois achei que não poderia ver, ele levantou para olhar e ela nasceu! quando o pediatra neonatologista a pegou no colo ela começou a chorar na hora, um choro forte, que para nós significava muitas coisas, mas principalmente que ela estava bem!!! meu marido encostou o rosto dele em mim e começamos a chorar, um choro forte de pura felicidade!!! E para minha alegria a trouxeram ao meu lado, olhei pra ela, achei linda! linda! linda!, encostaram ela em mim e ela parou de chorar na hora, dei um beijo, dei boas vindas, disse que a amava!!! foi o momento mais emocionante da minha vida (só de lembrar eu choro). Depois a levaram, nasceu muito bem, as notas do apgar foram 9/9, foi para UTI devido ao baixo peso (1.595 Kg), mas não precisou sequer de oxigênio, uma linda, esperta, saudável, Deus é muito bom!!!

No momento estamos no quarto eu e ela, ficou 16 dias na UTI,  vou ainda escrever sobre esse período, mas primeiro gostaria de deixar registrado o melhor dia da minha vida, o dia da chegada daquela que foi meu maior sonho, e hoje é minha maior alegria e eu só posso dizer que ela é muito mais do que eu poderia sonhar, imaginar e até mesmo pedir a Deus, ela é maravilhosa!!!

Seguindo sempre com fé!!

Evelyn =)